quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

2013


O que vai acontecer no mundo em 2013? Nem eu, nem a CIA, nem o Cacique Cobra Coral podem responder honestamente essa questão. Previsões econômicas e geopolíticas contam com um longo histórico de desmoralização, e o que parece mais sensato a esta altura é reconhecer a complexidade do ambiente em que vivemos e nossa relativa ignorância a respeito. Porém, para muitas perguntas, um “não sei” não é aceitável como resposta. A empresa precisa ouvir do seu diretor de vendas quanto ele acha que vai vender, para que seja feita uma estimativa de produção e de quantas pessoas são necessárias para que essa estimativa seja atendida. O pequeno comerciante precisa pensar que seu movimento justificará manter o estabelecimento aberto. A família precisa planejar pagamento de impostos, férias, filhos e demais gastos.

A solução para esses dilemas é relativamente simples: não devemos levar previsões a sério, de forma que não seremos seriamente afetados quando falharem. A previsão é válida enquanto for instrumental; quando a situação mudar, deve ser abandonada, com pouco apego e ressentimento. “Quando mudam os fatos, mudo minha opinião; o que você faz?”, disse, certa vez, o grande John Maynard Keynes. Claro que essa forma de humildade intelectual é mais fácil escrita e ditada do que na prática. Na vida real, nos apegamos às nossas visões de mundo, e se elas se confirmam por algum tempo, nos tornamos arrogantes e demasiadamente confiantes. O contrário, claro, também é danoso: sem confiança, perdemos a coragem de tomar até as decisões mais simples, abdicamos da vida.
Uma complicação é adicionada quando pensamos que boa parte dos melhores momentos de nossas vidas vêm de surpresas, quando nossas previsões são positivamente superadas num momento em que nada indicava que isso aconteceria e não tivemos tempo de ajustá-las. Aplicando a racionalidade e uma tendência de extrapolação, acabamos fugindo desses momentos: vamos embora cedo da festa que parece não ter gente interessante, vendemos as ações que estão dando prejuízo, rejeitamos uma proposta de sociedade aparentemente maluca. Talvez em nove entre dez casos a intuição funcione, e nada de bom realmente estivesse para acontecer; ocorre que a vida muda justamente quando as menores probabilidades se concretizam: a mulher ou o homem da sua vida também está naquela festa, tão entediada quanto você e desesperada por um bom papo; as ações começam uma recuperação acelerada dias após você se livrar delas; a empresa que o convidou deslancha em pouco tempo, enriquecendo os sócios.
Não tenho uma boa resposta para como lidar com essa “complicação”, tendo eu desperdiçado várias e grandes oportunidades na vida em nome do “mais seguro”. Talvez aí ajude o autoconhecimento, saber quando se pode confiar em sinais abstratos contra qualquer racionalidade (e aí vale, novamente, a ideia de não se apegar a previsões); talvez funcione escolher, de forma aleatória, o caminho que parece menos óbvio; talvez nada disso valha e sejamos, mesmo, prisioneiros do acaso. Desanimador por um lado, excitante por outro.
Que em 2013 sejamos racionais, impulsivos, flexíveis, humildes, desanimados, empolgados. Humanos, enfim.
Luciano Sobral, trabalha como economista para financiar a humilde missão de conhecer o mundo.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Boas Festas

Em um mundo cada vez menor e com tantas diferenças, saber tolerar e conviver com o diferente será uma virtude da qual estaremos cada vez mais dependentes. Por isso também que a reunião familiar de final de ano talvez seja um bom momento para treinar e exercer essa tolerância. Evite, então, confrontar aquele parente insuportável com aquelas verdades que estão entaladas há tempos e você não vê a hora de gritar enquanto segura o seu pescoço bem forte entre suas mãos. Ignore o priminho que sendo adolescente se converteu a algum modismo de estilo, procure não comentar quantos quilos 2012 acrescentou à sua tia. Ao menos não quando ela estiver por perto. Voe tem que celebrar o espírito natalino para que possa aturar sem violência o onipresente tio chato. Enfim, tolere por mais alguns dias tudo isso. Agora é o momento de sermos bons, nem que seja por uma mísera semana. Deixemos nossas imperfeições e fraquezas tão humanas para o 2013 que está por vir.

Tomo a liberdade de dizer em nome de todos do Blog Mundus que esperamos que tenha um excelente final de ano. Aproveite para refletir, rever parentes, praticar o bem com eles. Não faça ainda nada que eu não faria, não tente provar peru, chester, tender, paturi, churrasco e pernil tudo na mesma noite. Não acredite em milagres de como não arrematar quilos indesejáveis a esse corpinho maltratado, fique longe dessa invenção do demo chamada torrone, não cometa o sacrilégio de tirar as frutas secas do Panetone e, caso o considere uma heresia, me envie todo Chocotone que ganhar!

Eu também acho meio besta esse costume de nos fingirmos de pessoas boas da noite pro dia, mas acho que a coisa é mais embaixo, usando passagem de Carlos Drummond também acho que: “quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial (...), (ele) industrializou a esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Pois aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente.”

Nesse espírito me despeço de você em 2012, torcendo para que tenhamos um pouco de paz e que recomecemos acreditando que em 2013 podemos, sim, ser melhores. Que apesar de toda nossa natural falibilidade humana, possamos sim, ser pessoas boas.

Boas festas!!


Danilo Balu

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

DUMBARIBORÓ, a pele da água

Hoje não vou lhes importunar com nenhum disparate, apenas pegarei carona no primeiro post deste agradável blog, e lhes brindarei com algumas belas superfícies, texturas, que a água (em suas diferentes soluções) faz ao encontrar a atmosfera...















 
Manuel Corrêa, 10.12.2012