terça-feira, 18 de junho de 2013

Então não são pelos 20 centavos?

Acho que não importa muito a posição partidária, parece haver quase consenso que houve excessos tanto por parte da PM (e seus batalhões especiais) quanto por parte dos manifestantes, assumidamente orientados também por grupos partidários. Nessa confusão toda, não há ninguém com toda a razão e nem os totalmente inocentes.
De qual lado estou? Todos nós estamos do lado certo, cada um com sua justificativa. Eu confesso que parei de ler a maioria dos textos que me chegavam porque fiquei desanimado, pessimista, nervoso. As duas turmas possuem argumentos muito bons, você nem precisa concordar com a causa, mas tem algo nessa história da qual não consigo abrir mão quando avalio: se cada um de nós resolver mudar a lei para justificar transgressões, como já foi dito por alguém, é bom cada um carregar o seu porrete.
Eu moro a cerca de 5 quadras da Avenida Paulista, em São Paulo. Aqui é local de muitas manifestações. Todas elas transformam para pior o já horroroso trânsito de São Paulo, mas viver numa democracia é isso, saber conviver com a decisão de uma maioria respeitando a da minoria. O direito ao protesto todos têm, desde que sigam as regras, no caso, a Lei. Fico imaginando se todo mundo se sentir no direito de fechar avenidas. Literalmente não sairíamos do lugar.
Enfim, as vaias à presidente Dilma e os protestos feitos em cidades de diferentes partidos vão deixando claro que realmente a discussão de quantos centavos aumentou a passagem é secundário, há é uma insatisfação geral às vésperas de algo que consumiu bilhões de reais para um evento de uma entidade privada, a FIFA.
Independente de qual o “seu lado” (com certeza você acha que é o certo), fica claro que numa Democracia, se todo mundo tomar para si o direito de que podemos parar a cidade para que ouçam nossa reivindicação, é melhor rasgarmos a constituição e pularmos direto pra barbárie. Economizaremos tempo.

Danilo Balu

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Câmbio, esse inconveniente

Parece incrível, mas houve um tempo (e não faz tanto tempo assim) em que brasileiros que moravam no exterior e estavam para ter filhos pediam para visitantes que levassem roupas, brinquedos e demais acessórios. Também houve um tempo em que Miami era destino de turismo só para os muito ricos, e, no sentido contrário, o Brasil era local de férias baratas até para argentinos, que invadiam as praias de Santa Catarina com suas garrafas térmicas e cuias de mate.

Desde então, o Brasil até ficou mais rico, mas o que mudou de verdade foi a variável que regula nossa riqueza relativa contra o resto do mundo: a taxa de câmbio. Nos últimos dez anos, quase ininterruptamente os reais ganhos aqui foram sendo capazes de comprar mais e mais moeda estrangeira, até o ponto em que o preço de praticamente qualquer produto comprado nos EUA é menor do que os praticados aqui. Tenho amigos que enchem as malas não só dos habituais eletrônicos, mas também de bebidas, pilhas, livros, cotonetes, cápsulas de café, e a lista poderia seguir até o infinito.

Ocorre que, independente de qualquer culpa judaico-cristã (“não há prazer sem punição”), os anos de bonança acabam por plantar sua própria destruição: o resultado final do aumento nas importações (não só de turistas, evidentemente) é um desequilíbrio nas contas externas, que faz com que o câmbio se deprecie e torne novamente os preços no exterior relativamente caros. No Brasil, isso parece estar acontecendo de forma acelerada: 100 reais já chegaram a comprar 62 dólares; hoje compram pouco mais de 46 e há certo consenso que vão comprar ainda menos num futuro breve (chuto que perto de 30 em um par de anos).
 
Hoje, pode parecer profundamente injusto que voltemos a ficar “pobres” com relação aos preços no exterior, mas devemos levar em conta que os últimos anos foram exceção em um país cuja história econômica pode ser contada por meio de inúmeros episódios de crises cambias e desvalorizações. Um país relativamente pobre ter moeda muito apreciada é mais acidente do que mérito, e, infelizmente, muito da nossa força de trabalho só irá se manter empregada com competitividade internacional forçada por um câmbio muito depreciado. Enfim, nossa realidade não é pacote de compra de enxoval de bebê em Miami parcelado em 15 vezes, isso foi um delírio passageiro.

Como economista em uma turma de engenheiros, sempre sou perguntado sobre para onde acho que vai o câmbio toda vez que um amigo faz planos de viagem. No geral, respondo que tanto faz, já que ninguém vai deixar de viajar ou fazer compras por conta de mais ou menos 10% do gasto total. Isso ainda serve como resposta-padrão pensando poucos meses a frente; entretanto, quem tem uma agenda de viagens ambiciosa para anos deve se conformar que isso pode custar muito mais do que o inicialmente orçado. A era do real forte parece estar acabando, e entre os perdedores estão os turistas internacionais.

Luciano Sobral Trabalha como economista para financiar a humilde missão de conhecer o mundo.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Dumbariboró - e Alá não precisa ser justo com tudo aqui em baixo (Alah n’es pas obligé)

Muito obrigado à MUNDUS por permitir a publicação de meus “bla-bla-blás” nesse delicioso espaço, agradeço por me incentivar a transpor alguns pensamentos do eternamente denso mundo das ideias para o claro e límpido papel.

Deixo aqui minha homenagem à entidades que iluminaram essas ideias:

...Ao livro Alá e as Crianças Soldado (tradução de Flavia Nascimento do original de Amadou Kouruma, Alah n’es pas obligé, Seuil, 2000),  foi minha introdução ao encantado, sinistro, apocalíptico e maravilhoso mundo do oeste africano, e que mostra de uma forma ímpar o poder das palavras escritas e das faladas, seu poder contra a barbárie e como algumas limitações das línguas hegemônicas europeias são insuficientes para VER os mundos africanos. Se tudo correr bem e se Amadou Kouruma estiver proseando bem com Alá e às Outras todas divindades que comandam essa bagunça aqui em baixo, esse road-book irá virar um road-movie...

...ao POVO da Guiné, aos tissus (tecidos) que adornam a gente por lá, mas são estampadas no Velho Mundo (que deveria ser chamado de Antiquado, não de velho, por que o velho é bom). e à Alma iluminada que iniciou esse recorte dos tecidos e padrões, que acrescidos de alguns lhes mostro...

 
 
 
 
 
 

 

 

 

esses últimos foram meus adendos, mesmo que mal fotografados...

    

numa quinta feira chuvosa de fins de maio na boa capital mineira, muito obrigado

Manuel
 

***dumbariboro.***.**