terça-feira, 15 de janeiro de 2013

“Here... goes... something... I guess!”

Todo fim é um recomeço, já dizia o poeta. E todo fim de ano é a mesma coisa: listas e listas. Listas de melhores daquilo, de piores naquilo e as inevitáveis resoluções de Ano Novo. Eu não sei se as resoluções têm um mínimo efeito que seja. Você se programa para ser uma pessoa melhor, perder peso, praticar mais esporte, aprender um novo idioma e um monte de outras coisas. Todo material sério produzido no tema diz que mudanças exigem muita disciplina e certo planejamento. Disciplina, coragem e planejamento. Temos tudo isso? Melhor ainda: queremos DE VERDADE isso?

Uma dessas listas na Slate me levou a um vídeo incrível. Nele, uma garotinha no alto de seus 6 anos tem que descer uma longa rampa de esqui pela primeira vez. O vídeo não é longo (veja abaixo), usa uma daquelas câmeras on-board (Go Pro) e é muito tocante. Ela parece ser uma esquiadora talentosa, mas se vê de frente com um desafio daqueles e cheia de dúvidas e muito insegura (Do you go faster on the end run?).

Em sua preparação, você ouve a respiração ofegante, sua conversa com ela mesma (I’ll do it.), seu movimento de cabeça, a repetição de um mantra (I can do it!... I got it!), ela reduz o desafio para se encorajar (I’ll be fine... t’s just longer.)... enfim, uma garotinha de 6 anos em 1m50 nos ensinando o que deve ser feito.

No excelente Being Wrong, a escritora Kathryn Schulz faz uma observação interessante: descontada todas as vantagens de aprendizado que as crianças têm em relação a um adulto no que diz respeito a novas habilidades, caso fôssemos colocados em um ambiente completamente diferente do nosso, elas se adaptariam muito melhor entre outras coisas porque elas têm menos medo e menos vergonha de errar.

Enfim, quem sou eu para dar dicas a vocês? Meu curso de francês “aprenda você mesmo” continua encostado no quarto. Sou bom de recomendações, apesar de não conseguir seguir muito bem as minhas. Muito melhor que eu, é esta garotinha de (repito) apenas 6 anos. Como ela mesmo disse: "[It's] just the suspense at the top the first time that freaks you out. That's the only thing."

Se há uma lista que me fez parar e pensar de verdade em mudança de atitude, foi como ela encarou o medo de fazer algo tão radical. A ela sobrou coragem e não houve medo nem vergonha de errar. Junto com a disciplina, talvez seja um pouco mais disso que precisemos em 2013.

 
Danilo Balu 


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