O
esporte constrói e destrói mitos. Não sei se com a internet ou com o fluxo de
informação, os atletas estão hoje mais expostos e, por isso mesmo, mais
sucintos a mostrar falibilidades tão humanas. Michael Jordan, o maior jogador
de basquete de todos os tempos tem suas fraquezas com o vício do jogo. Tyger
Woods usou o celular como um maníaco atrás de relações extraconjugais.
E
mais recentemente tivemos Lance Armstrong que viu cair por terra toda
sua história cuidadosamente e doentiamente arquitetada que mentia sobre um
atleta que supera uma doença terrível e conquista o que ninguém havia feito no
ciclismo.
Quando
falavam que Jordan tinha seus problemas, as pessoas falavam que não havia
problema, afinal não havia relação com sua atividade em quadras. Será? O mesmo
para Woods. Ele é um jogador de golfe, não importa o que faz na cama. Mas será
mesmo? Confesso que não tenho opinião formada a respeito. Mas e quando tudo
atinge os outros como fez Armstrong? E quando é ainda pior. Semanas atrás
tivemos o bi-amputado Oscar Pistorius assassinando a tiros a namorada em
condições ainda sendo investigadas.
Quase
tão ruim é a nossa negação. Elevamos alguns atletas a condições de seres
superiores. Por alguma razão, achamos que uma pessoa como Armstrong ou Jordan
tem uma bondade inerente. Achamos que um bi-amputado comete menos crimes que um
sujeito qualquer. Mais triste ainda, “investimos” tanto nesses atletas,
confiamos tanto, como quem acredita em uma entidade, que os deslizes não podem
ser verdade.
O
que Jordan e Woods faziam era tido como “extra-campo”, não havia tantos
problemas. Armstrong sofreu acusações sérias e pesadas por muitos anos. Os fãs
(eu incluso), solenemente não conseguiam aceitar. Aliás, até hoje dizem não se
importar. Afinal, foram muitos anos dedicados à Armstrong para aceitar que
estávamos todos sem exceção errados.
Foi
essa também um pouco a sensação com Pistorius. Nunca fui fã dele, mas ao
acordar e ler a notícia, só pensava para que resolvessem tudo rápido, afinal
ele não poderia ser essa pessoa que estão dizendo.
Não
sei se é assim, mas parece que “consumimos” os atletas como uma espécie de
santo. Investimos tanto neles que queremos que eles sejam como queremos, não
como são. E tanta exposição vai revelando o lado duro: fora das quadras eles
erram tanto quanto qualquer um de nós.
Danilo Balu