segunda-feira, 4 de março de 2013

De Meninos e Lobos


O esporte constrói e destrói mitos. Não sei se com a internet ou com o fluxo de informação, os atletas estão hoje mais expostos e, por isso mesmo, mais sucintos a mostrar falibilidades tão humanas. Michael Jordan, o maior jogador de basquete de todos os tempos tem suas fraquezas com o vício do jogo. Tyger Woods usou o celular como um maníaco atrás de relações extraconjugais.

E mais recentemente tivemos Lance Armstrong que viu cair por terra toda sua história cuidadosamente e doentiamente arquitetada que mentia sobre um atleta que supera uma doença terrível e conquista o que ninguém havia feito no ciclismo.

Quando falavam que Jordan tinha seus problemas, as pessoas falavam que não havia problema, afinal não havia relação com sua atividade em quadras. Será? O mesmo para Woods. Ele é um jogador de golfe, não importa o que faz na cama. Mas será mesmo? Confesso que não tenho opinião formada a respeito. Mas e quando tudo atinge os outros como fez Armstrong? E quando é ainda pior. Semanas atrás tivemos o bi-amputado Oscar Pistorius assassinando a tiros a namorada em condições ainda sendo investigadas.

Quase tão ruim é a nossa negação. Elevamos alguns atletas a condições de seres superiores. Por alguma razão, achamos que uma pessoa como Armstrong ou Jordan tem uma bondade inerente. Achamos que um bi-amputado comete menos crimes que um sujeito qualquer. Mais triste ainda, “investimos” tanto nesses atletas, confiamos tanto, como quem acredita em uma entidade, que os deslizes não podem ser verdade.

O que Jordan e Woods faziam era tido como “extra-campo”, não havia tantos problemas. Armstrong sofreu acusações sérias e pesadas por muitos anos. Os fãs (eu incluso), solenemente não conseguiam aceitar. Aliás, até hoje dizem não se importar. Afinal, foram muitos anos dedicados à Armstrong para aceitar que estávamos todos sem exceção errados.

Foi essa também um pouco a sensação com Pistorius. Nunca fui fã dele, mas ao acordar e ler a notícia, só pensava para que resolvessem tudo rápido, afinal ele não poderia ser essa pessoa que estão dizendo.

Não sei se é assim, mas parece que “consumimos” os atletas como uma espécie de santo. Investimos tanto neles que queremos que eles sejam como queremos, não como são. E tanta exposição vai revelando o lado duro: fora das quadras eles erram tanto quanto qualquer um de nós.


Danilo Balu

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