segunda-feira, 1 de abril de 2013

Dumbariboró: Sobre a solidão alegre dos que pensam calados


“Não evoluo, viajo

     Não viajo, sonho”

Fernando Pessoa


(sob o azul alfacinha, nos domínios de Dom Manuel, o Venturoso, Castelo de São Jorge, Lisboa) 

a solidão alegre, incorrigível, dos que sorriem mudos é contada pelos calcários e arenitos repletos de fósseis, que já contaram a extinção e deposição desses organismos, já contaram guerras, amores, louvores e traições neste castelo. que já festejaram nosso ouro e diamante. em busca do firmamento, uma mente que só pode sorrir, absorve a luz desse azul do céu, azul do Tejo, o amarelo e beje das pedras, o verde das árvores e suas pinhas, que caladas relembram o mundo, que já foi “desmundo”, mas sempre volta a ser mundo. nos passos de uma morena, com tanta ginga e sotaque, me surge a fatídica sina de um tipo de pessoas, que amam o não sorrir, a lamentar-se, síndrome da paulicéia, em que o não consumir é pecado é falta...

só o silêncio das almas que nunca se calam, falarão à este povo desolado...

só a solidão alegre dos que escrevem...

Escrevemos pois vemos

e vemos pois sorrimos

 
Manuel Corrêa, um texto escrito na saudosa Lisboa em idos de 2005

 

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