O mapa digital, o mapa na mão, a revolução do ser errante.
Certa vez ouvi, não
sei se em um boteco, em uma palestra, em uma aula ou em uma dessas madrugadas
de puro “voyeurismo internético”:
“o nosso nível de
felicidade já é e será cada vez mais regido pela aptidão de saber a dose e a
forma certas de se relacionar com as maquinas...”.
Sei que esse tema já
foi abordado por um colega desse blog,
mas não me refiro à uma nova descoberta milagrosa de como obter felicidade ao
alcance de seu iphone ou outro smartphone; ou da forma como dosar a sua vida
pessoal (real) e sua vida no mundo virtual. Falo apenas da segunda maior
revolução que esses espertos aparelhinhos nos possibilitam: Georreferenenciar o
nosso caminhar!
Georreferenciar,
provavelmente esse verbo não existe nos dicionários e meu corretor ortográfico
tampouco o conhece, mas no meu meio de trabalho é um assunto recorrente;
trata-se da arte de dar referencias espaciais a um determinado objeto, ou seja,
atribui-se coordenadas geográficas, as velhas latitudes e longitudes da escola,
lembram?
Há uns 20 anos
apareceu um aparelhinho, GPS, que fornece as coordenadas de onde ele está, uma
verdadeira revolução em muitas profissões, na Geologia de campo e nas
navegações, nem se fale. Antes disso a definição de onde se estava e para onde
se queria ir era feita com base em complicadíssimos cálculos geométricos com
uso das estrelas, ou com um trabalho difícil de comparação entre um mapa
topográfico (isso mesmo aquele das curvas de nível) e o relevo que estava ao
seu redor (acreditem, não é fácil, e no tempo que eu estudei geologia os alunos
aprendiam a fazer isso sem um GPS).
Aconteceu que hoje
em dia, qualquer aparelhinho celular possui um bom GPS, e mais, você pode ver a
sua localização sobre um belo mapa, ou imagem de satélite em aplicativos como o
google maps, google Earth e muitos outros.
E no que raios isso
revolucionou nossas vidas? Para quem trabalha no campo acredito que não preciso
dizer, agora imaginem o tanto que comércios podem se beneficiar disso. Acredito
que ainda veremos muitas novas ferramentas mas quem não virou dependente do
google maps para chegar em qualquer lugar, e esses novos aplicativos para
chamar taxi, e os mapas do céu ? as estrelas e seus nomes ao alcance de todos,
facilitando e muito aquele velho xaveco romântico olhando pro céu. Mas a grande
vantagem disso tudo acredito ser outra:
Gravar seus
trajetos, ajudar nossa memoria que é tão carente de noção espacial, e nos
mostrar onde foram tiradas as fotos, qual foi o caminho que o levou àquele
restaurante maravilhoso. Isso com certeza ajuda muito a guardar mais
sentimentos e sensações, ao ver seu trajeto, e visualizar o relevo, você se
lembra de como estava cansado, do cheiro que sentiu a entrar na mata, da
surpresa que teve ao atingir um mirante, aquele por do sol na praia...
Hoje fiz um belo
passeio, aqui em BH, subi o parque das Mangabeiras, com direito a banho de
cachoeira, vistas incríveis e um entendimento melhor da geografia e geologia da cidade, que coisa maluca é uma
cidade encostada na mata, numa serra resplandecente de onde se tira e se tirou
muita riqueza, cidade erguida sobre as pedras que contem ferro. Um simples
trajeto no google Earth me leva a vários pensamentos, a cidade, o poderio econômico,
as rochas contendo ferro e seu belo relevo, e o contato com a natureza dentro
da bela cidade, belas vistas, belas gerais.... e na chegada uma bela sardinha assada, que
no vizinho só se assa no ultimo sábado do mês....
Caso alguém tenha
interesse posso mostrar como se geram esses trajetos e como se exportam pro
google Earth....vale perder uns minutinhos
Belo Horizonte,
capital do ferro, na borda do quadrilátero ferrífero em um 27 de abril
ensolarado... †
Manuel Correa
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