quarta-feira, 11 de abril de 2012

Episódio Zero – Água que corre, que salta, que pára, que desce, que gera, que mata, a sede...


Esse lindo post do blog, das fotos de nuvens, levou me voando diretamente para dentro da água liquida, essa que chove das nuvens, corre nos rios, nos brinda com seu baile nos mares, mata a nossa sede. De onde viemos e que sem ela dificilmente o ser humano poderá se adaptar.

Gosto muito , me encanto, com as soluções simples, duradouras e que resolvem. Caminhando pelas montanhas do oeste africano, na savana dos Baobás, mais precisamente em Kerouane na Guiné, numa das nascente do grande Níger, elo, via, pulso, vida da África subsaariana, encontrei uma belíssima cachoeira.




Cachoeira linda, queda vertical, que desce da Serra do Simandou, onde uma pequena represa na qual uma parte da água é canalizada, corre por tubos de aço. Alguns puristas de plantão logo pensarão, alguma engenhosidade maquiavélica roubando (desviando) agua para fins mercantis, em uma região tão carente, tão sedenta por água boa. Ledo engano, eis uma solução muito engenhosa, dada por técnicos alemães, ha mais de 30 anos. Essa água desce entubada por cerca de 1,5 km, movimenta uma turbina, uma pequena central hidroelétrica de 15 KVA , depois disso vai para tanques de decantação e filtros, após ser tratada a água é bombeada, por bombas elétricas, que utilizam a sua energia recém gerada e dessa forma, leva agua por mais de 8 km para a vila de Kerouane. Simples, engenhoso, sem gastar energia externa, ou uma gota de diesel, leva agua muito boa para milhares de almas, ha um bom tempo. Para mim é poesia, é inspiração, é o mito do moto-perpetuo ao alcance dos olhos.




Kerouane, do original Kairá ouanne (em malinkê, trono da boa sorte), é uma típica vila guineense, ruas de terra, casas redondas com teto de palha, animais e plantações por toda parte, ausência irrestrita de muros, muitas mangueiras, muita pobreza e simplicidade. Um lugar lindo com gente mais linda e colorida ainda, la foi o berço de Samory, o último imperador do Império do Mali, que lutou contra a dominação francesa. Uma vila bucólica e pobre, que não fosse uma solução engenhosa e simples, dificilmente teria acesso a uma boa agua.




Milhões de pessoas sofrem por falta de acesso à água potável e de qualidade, alguns especialista dizem que o mundo padecerá por falta dela. Enquanto em alguns lugares do mundo respeita-se, valoriza-se e utiliza-se sabiamente essa dadiva, na grande maioria das grandes e pequenas cidades do nosso mundão e do nosso brasilzão, continuamos poluindo, poluindo e poluindo, haja visto a tão desenvolvida e amada São Paulo. Sem falar em obras faraônicas de transposição de rios, que nada ou quase nada beneficiaram quem realmente está alijado da água.

Fica um link com belas fotos que com certeza inspirarão...



Manuel guinée forestière abril 2012



Um comentário:

  1. Manuel, as pessoas estão extremamente complicadas, mas as soluções podem ser simples e duradouras, como esta. A vida pode ser simples e duradoura. E boa. Ótimo texto. Abraço.

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