quinta-feira, 26 de julho de 2012

Episódio III- da Arte de Mapear que vêm desde os tempos da pedra lascada


Pousar a vista sobre uma parede de rocha repleta de pinturas feitas há milhares de anos, tem sobre um ser humano, algo curioso, permite um devaneio.
Outro dia me detive a olhar um certo painel.

Painel pode ter sua definição em dicionários consagrados, mas para mim um painel  como outro qualquer, um outdoor, uma pintura, um site, nesse caso materiais não convencionais nos padrões artísticos de hoje; óleos, variados, uma verdadeira alquimia, sobre pedra. No caso arenitos lindos da Serra da Capivara. Motivos os mais variados, muitos personagens, muitos remontavam à ligações diretas (pelo menos muy mas directas que a grande maioria dos serres humanos tem hoje em dia) com as divindades, dezenas de outros são cenas repletas de movimento...pelo menos é o que transparecem aos meus olhos, cambalhotas, brincadeira de balançar a criança pegando em seus pês e mãos, pirâmides humanas, a incrível caça do tatu, nascimento e o Beijo.



                     
                        




Hoje o mundo se diz global, influencias múltiplas que se cruzam, sempre, à toda hora, mas basta ver muitas dessas culturas e em seus habitats, os tamanhos contrastes que existem são riquíssimos. Cada tipo, cada manifestação humana mais peculiar, porém quanto mais se vê as pessoas por ai, mas assustador é, como pode o ser humano ser tão distinto, tão múltiplo e mesmo assim continuar comungando muito, muito, muito mesmo.

Voltando às pinturas dos Primeiros homens, mais precisamente na exuberante caatinga, canto endêmico dessa “sudamérica”, de paisagens lindas e variadas, inesperadas. Trata-se de um acervo artístico, ali registrado, há milênios em rochas depositadas há milhões de anos, de valor histórico-artístico incalculável, pois são grutas e mais grutas que se entrelaçam por trilhas em meio a densa caatinga, nos paredões e cânions, belos salões bem ornamentados por grandes painéis, grandes “afrescos”, grafites. Como estilo artístico inegavelmente são os percursores de grandes artistas; de mestres do renascimento à pintores das ruas atuais.

Viajar para um lugar desses, transpor seu corpo e mente, e se deparar com a arte feita por um ser bípede, que lá já estava pensando, vivendo, vendo o movimento ao seu redor, se movimentando e ornamentando seus templos, mostra que há alguma coisa comum e inseparável à todos os seres humanos que já viveram: a capacidade de mover-se, ver e aprender e louvar seus símbolos.

Além da capacidade de errar, tem o ser humano, desde sempre, a capacidade de criar seus mapas. Ai vemos muitos desses mapas representados nas paredes da Serra da Capivara, muitas vezes duas dimensões usadas para representar infinitas outras. Para aquele que pretende acompanhar meus causos saiba que a linha de costura desse dumbariboró (saco sagrado que abriga a caderneta) são mapas, mapas, mapas e mais mapas, e a capacidade nossa de representar ínfimas e infinitas esferas da realidade em duas dimensões....a arte de mapear vem desde os tempos da pedra lascada, sigamos mapeando....

Por isso tudo, vale muito a pena uma viagem para nossa caatinga, Petrolina possui aeroporto com conexões à Salvador e Recife e esta a pouco mais de 200 km São Raimundo Nonato-PI por estradas, que dizem estar em boas condições. Além dos atrativos que tentei expor acima, existem muitas atrações que podem ser agregadas à uma viagem dessas ( a depender do interesse), vou cita-las sem me deter em atrativos e distancias: região vinícola e produtora de frutas no São Francisco, o lago de Sobradinho, a Chapada Diamantina mais a sudeste, a serra do Cariri e a Chapada do Araripe, fosseis incríveis e toda a cultura do cangaceiro, o berço do rei do baião Luiz Gonzaga. Para os mais animados em percorrer estradas na caatinga uma travessia até delta do Parnaiba passando pelos parques do Piauí...e por ai vai....
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