Pousar a vista sobre uma
parede de rocha repleta de pinturas feitas há milhares de anos, tem sobre um
ser humano, algo curioso, permite um devaneio.
Outro dia me detive a olhar
um certo painel.
Hoje
o mundo se diz global, influencias múltiplas que se cruzam, sempre, à toda
hora, mas basta ver muitas dessas culturas e em seus habitats, os tamanhos
contrastes que existem são riquíssimos. Cada tipo, cada manifestação humana
mais peculiar, porém quanto mais se vê as pessoas por ai, mas assustador é,
como pode o ser humano ser tão distinto, tão múltiplo e mesmo assim continuar
comungando muito, muito, muito mesmo.
Voltando às pinturas dos
Primeiros homens, mais precisamente na exuberante caatinga, canto endêmico dessa
“sudamérica”, de paisagens lindas e variadas, inesperadas. Trata-se de um
acervo artístico, ali registrado, há milênios em rochas depositadas há milhões
de anos, de valor histórico-artístico incalculável, pois são grutas e mais
grutas que se entrelaçam por trilhas em meio a densa caatinga, nos paredões e
cânions, belos salões bem ornamentados por grandes painéis, grandes “afrescos”,
grafites. Como estilo artístico inegavelmente são os percursores de grandes
artistas; de mestres do renascimento à pintores das ruas atuais.
Viajar para um lugar desses,
transpor seu corpo e mente, e se deparar com a arte feita por um ser bípede,
que lá já estava pensando, vivendo, vendo o movimento ao seu redor, se
movimentando e ornamentando seus templos, mostra que há alguma coisa comum e
inseparável à todos os seres humanos que já viveram: a capacidade de mover-se,
ver e aprender e louvar seus símbolos.
Além da capacidade de errar,
tem o ser humano, desde sempre, a capacidade de criar seus mapas. Ai vemos
muitos desses mapas representados nas paredes da Serra da Capivara, muitas
vezes duas dimensões usadas para representar infinitas outras. Para aquele que
pretende acompanhar meus causos saiba que a linha de costura desse dumbariboró
(saco sagrado que abriga a caderneta) são mapas, mapas, mapas e mais mapas, e a
capacidade nossa de representar ínfimas e infinitas esferas da realidade em
duas dimensões....a arte de mapear vem desde os tempos da pedra lascada,
sigamos mapeando....
Por
isso tudo, vale muito a pena uma viagem para nossa caatinga, Petrolina possui
aeroporto com conexões à Salvador e Recife e esta a pouco mais de 200 km São
Raimundo Nonato-PI por estradas, que dizem estar em boas condições. Além dos
atrativos que tentei expor acima, existem muitas atrações que podem ser
agregadas à uma viagem dessas ( a depender do interesse), vou cita-las sem me
deter em atrativos e distancias: região vinícola e produtora de frutas no São
Francisco, o lago de Sobradinho, a Chapada Diamantina mais a sudeste, a serra
do Cariri e a Chapada do Araripe, fosseis incríveis e toda a cultura do
cangaceiro, o berço do rei do baião Luiz Gonzaga. Para os mais animados em
percorrer estradas na caatinga uma travessia até delta do Parnaiba passando
pelos parques do Piauí...e por ai vai....
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