O homem é o único animal que, dentro de uma gaiola
metálica em forma de semicírculo, gira algumas vezes ao redor do próprio eixo e
lança um disco de metal a mais de 70 metros. O único que se pendura em argolas
a quase três metros do solo e faz manobras envolvendo enorme esforço muscular e
concentração, o único que anda 50 quilômetros cuidando para não tirar os dois
pés do chão ao mesmo tempo, o único que usa uma raquete para surrar uma peteca
de penas de ganso (sempre as da asa esquerda, melhor preservadas porque consta
que o animal sempre dorme em cima de seu lado direito). A cada quatro anos,
outros animais deslocam-se para uma cidade com a intenção de assistir a seus
companheiros animais competirem nessas e outras atividades de regras estritas e
arbitrárias. Milhões de outros acompanham as competições pelos meios de
comunicação, quase nunca indiferentes e frequentemente fascinados.
Os animais-espectadores, no geral, torcem pelos animais-competidores que falam suas mesmas línguas e pagam impostos para as mesmas causas comuns. Como mutações genéticas e migrações há milhares de anos moldaram as características físicas de cada grupo de animais é um dos fatores de importância para determinar a qual conjunto de regras os espécimes competidores se adaptam melhor. Outros são produtos de conquistas e migrações mais recentes, anos de investimento e treinamento, tecnologia, puro acaso.
A trajetória de alguns animais-competidores por vezes é tão excepcional que atrai as atenções e emoções dos animais-espectadores apesar de suas diferenças de linguagem e outras animosidades. Neles os animais-espectadores enxergam o triunfo de sua espécie, sua tenacidade, capacidade de adaptação e concentração, força e inteligência. Não raro, animais-espectadores vêem-se de olhos arregalados, olhando para um estranho aparelho emissor de luzes coloridas capaz de transformá-las em imagens de alta definição, chorando e vibrando com o desempenho de seus companheiros de espécie naquelas estranhas competições.
Aos animais vencedores cabem discos de metais raros pendurados por uma fita. Aos derrotados, algo entre o consolo de saber que estão entre os melhores exemplares de sua espécie e a frustração por terem sido superados por outros ainda melhores. Ambos, na maioria dos casos, ainda viverão por muitas décadas depois de passado o esplendor físico, terão muito tempo para serem louvados ou esquecidos, buscar conquistas em outros campos, contar suas histórias e com elas inspirar ou desestimular outros animais.
O homem é o único animal capaz de interpretar uma série de sinais gráficos emitidos por outros homens e transformá-los em ideias e emoções. O homem é o único animal capaz de articular ideias e emoções. O homem é um conjunto de impossibilidades, uma soma quase infinita de probabilidades muito baixas, o mistério mais impenetrável da natureza.
Os animais-espectadores, no geral, torcem pelos animais-competidores que falam suas mesmas línguas e pagam impostos para as mesmas causas comuns. Como mutações genéticas e migrações há milhares de anos moldaram as características físicas de cada grupo de animais é um dos fatores de importância para determinar a qual conjunto de regras os espécimes competidores se adaptam melhor. Outros são produtos de conquistas e migrações mais recentes, anos de investimento e treinamento, tecnologia, puro acaso.
A trajetória de alguns animais-competidores por vezes é tão excepcional que atrai as atenções e emoções dos animais-espectadores apesar de suas diferenças de linguagem e outras animosidades. Neles os animais-espectadores enxergam o triunfo de sua espécie, sua tenacidade, capacidade de adaptação e concentração, força e inteligência. Não raro, animais-espectadores vêem-se de olhos arregalados, olhando para um estranho aparelho emissor de luzes coloridas capaz de transformá-las em imagens de alta definição, chorando e vibrando com o desempenho de seus companheiros de espécie naquelas estranhas competições.
Aos animais vencedores cabem discos de metais raros pendurados por uma fita. Aos derrotados, algo entre o consolo de saber que estão entre os melhores exemplares de sua espécie e a frustração por terem sido superados por outros ainda melhores. Ambos, na maioria dos casos, ainda viverão por muitas décadas depois de passado o esplendor físico, terão muito tempo para serem louvados ou esquecidos, buscar conquistas em outros campos, contar suas histórias e com elas inspirar ou desestimular outros animais.
O homem é o único animal capaz de interpretar uma série de sinais gráficos emitidos por outros homens e transformá-los em ideias e emoções. O homem é o único animal capaz de articular ideias e emoções. O homem é um conjunto de impossibilidades, uma soma quase infinita de probabilidades muito baixas, o mistério mais impenetrável da natureza.
Luciano Sobral, trabalha
como economista para financiar a humilde missão de conhecer o mundo.
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