quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Do Morro ao Olimpo.


Pois bem. Entre suor e lágrimas, entre erros e acertos, esforço e desistência, atletas desfilam e competem em Londres. Os resultados métricos nunca são tão bons quanto poderiam ser, afinal é uma questão de estatística: há muito mais atletas competindo do que medalhas distribuídas.
Mas sobram outros resultados nem sempre lembrados: a satisfação do próprio competidor em fazer parte de uma elite de atletas, a valorização da auto-estima de um povo pelas vitórias de seus conterrâneos ou a possibilidade de auto-análise pelos fracassos cometidos, a possibilidade de exploração turística da região não só momentaneamente, mas para um futuro próximo, a possibilidade de melhorias em infra-estrutura do transporte à saúde, da comunicação à educação, e por aí vai.
O que me preocupa agora não é a posição no quadro de medalhas do Brasil. Sou brasileiro e torço sim. Bastante até. Sei o nome de quem ganhou medalhas e em que esportes. Sei quem perdeu, quem era favorito ou não. Mas o que me preocupa agora é perceber que neste próprio texto encontro a palavra “possibilidade” mais vezes do que gostaria.
A questão do atleta, do esforço, da técnica, do resultado, é só dele e da comissão técnica. Mas o que preocupa é saber que pouco está sendo feito dentro de tantas possibilidades de fazer um país e um povo melhores, mais educados, justos e desenvolvidos.
Não vai adiantar 6 meses antes da Copa do Mundo (que só faltam 2 anos e muita coisa sequer começou a ser feita) ou das Olimpíadas quer dar um tapa no aeroporto,  pintar o ginásio, aparar a grama das ruas e reforçar a segurança nas ruas. Tudo que é feito rápido e de improviso, vai rápido, se perde.
Eu não sei vocês, mas existe algum programa de incentivo nas escolas, para o desenvolvimento da prática de esportes? Infra-estrutura, quadras, piscinas, educação, inglês, hotelaria, aeroportos, estradas, transporte público?
O que me deixa triste, e preocupado, e perceber que a distância entre o Morro e o Olimpo continua como sempre foi.

Maurício Simões foi judoca, tenista e corredor, dedicado, mas não profissional.

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