“...olhei
para baixo para ver uma coisa que eu nunca mais veria na vida...”
Philippe Petit
No
conforto do lar, pleno domingão, vendo um filme brilhante, genial, desafiador,
inspirador...Man On Wire...sobre o célebre equilibrista francês Philippe Petit,
que chocou o status quo norte-americano
ao vagar sobre um cabo de aço entre as torres do WTC, fui transplantado, pela
minha engenhosa máquina cerebral, aos rincões do Marrocos. Foi um dia em que
olhei para baixo e vi coisas que nunca mais verei na vida, e que não imaginava
ver.
Numa
road trip saí de Marakesh, cruzei o
Atlas, esplendido com seus pessegueiros em flor, na descida dos palmeirais do
Vale do Draa, entre ruínas inacreditáveis, decidi desviar o roteiro
pré-estabelecido que visava à borda do imenso deserto do Saara.
Peguei
um afluente do Draa que vinha da sua margem esquerda, rumo à minúscula Nekob,
havia ouvido rumores de belíssimas gravuras rupestres. Na chegada a Nekob, por
ser um dos feriados sagrados do Grande Profeta, não arrumei um único guia.
Solução: ligar o GPS (só para não se perder), e partir com o carro pelas
estradinhas, mais ou menos na direção que me indicaram. Algumas horas vagando e
tentando comunicação via mimica com alguns simpáticos nativos (com certeza foi
uma cena peculiar, analfabetos na língua local tentando com mimicas perguntar
sobre a existência de gravuras rupestres), avistei, num leito seco de rio uma
bela laje de “basaltos” (não sei precisar ao certo sua composição mineralógica,
mas trata-se de um rocha máfica, escura, um antigo derrame vulcânico). Saí
correndo feito criança e quando chego na laje olho pra baixo e ...
talvez um proto catálogo de pilates
sem dúvida um quadrúpide
um afresco bem ornado
um afresco bem ornado
sem dúvida texturas de imiscibilidade líquida
, quando o liquido de uma
composição se“desmistura “ do outro
seriam “estratificações” em derrames máficos (algo bastante raro na geologia)
seriam “estratificações” em derrames máficos (algo bastante raro na geologia)
Seja
andando sobre um fio, seja um reles caminhar, simplesmente vagar e olhar para
baixo podem ser bons alentos em momentos de crise.
Manuel Corrêa, ao pé da
Serra do Curral, outubro 2012
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